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Lobato, António. Arte da grammatica da lingua portugueza – T02

Introducção
a presente
grammatica.

A Muitos parecerá desnecessaria
a presente Grammatica, por
entenderem, que para se fallar
perfeitamente a lingua Portugueza,
basta sómente o uso, sem necessidade
de recorrer a regras, a que só lhes
parece, que estão sujeitas as linguas
Grega, e Latina; porém sem dúvida
julgarião o contrario, se conhecessem
os erros, que commettem todos aquelles,
que ignorão os principios fundamentaes
da mesma lingua.

Por duas razões se faz indispensavelmente
precisa a noticia da Grammatica
da lingua materna: primeira,
para se fallar sem erros: segunda,
para se saberem os fundamentos da
lingua, que se falla usualmente.
VIIEsta necessidade da Grammatica materna
tem conhecido geralmente todas
as Nações cultas; porque em todas se
tem occupado homens doutissimos em
comporem Grammaticas da sua lingua.
Os Francezes, entre outros muitos
Grammaticos, tem a Mons. Restau
Advogado do Parlamento, e Conselho
delRei de França, e ao Padre Buffier.
Os Inglezes, além de outros, a
Pell, e a Martin. Os Italianos a Benedito
Dogacci
, e o Padre d. Salvador
Corticelli
, e outros. Os Castelhanos
a Antonio de Nebrissa, que por
ordem delRei D. Fernando o Catholico
compoz huma Arte de Grammatica
Castelhana para a ensinar ás Infantas
de Castella filhas do mesmo Monarca.
Gonçalo Correas Professor das linguas
Grega, Chaldea, e Hebraica na
Universidade de Salamanca; e modernamente
a Bento Martins Gomes Gaiozo.
Finalmente nós os Portuguezes
VIIItemos a Fernão de Oliveira, João de
Barros
bem conhecido pelos seus doutissimos
escritos, Amaro de Roboredo,
o Padre Bento Pereira, e D. Jeronymo
Contador de Argote
Clerigo
Regular da Divina Providencia.

Confirma a sobredita necessidade
de Grammatica materna o costume
dos antigos Romanos, porque tinhão
escolas públicas, aonde se ensinava á
mocidade a Grammatica da lingua Latina,
que fallavão vulgarmente. E de
a aprenderem na puericia recebião infallivelmente
duas conhecidas utilidades,
huma de fallarem a sua lingua
com perfeição, e outra de perceberem
com muita facilidade, por meio
das regras da Grammatica Latina, os
principios da lingua Grega, cuja
Grammatica estudavão por ser entre
elles a lingua, em que se tratavão as
Sciencias, como entre nós o he a Latina.IX

Ninguem póde duvidar do grande
proveito, que alcança cada hum
em saber a Grammatica da sua mesma
lingua; porque não sómente consegue
fallala com certeza, mas tambem
fica desembaraçado para aprender
com muita facilidade qualquer outra.
A razão disto he clarissima; por
quanto na Grammatica materna, de
que já o uso nos tem ensinado a prática
das sua regras, sem difficuldade
se aprendem muitos principios, que
são communs a todas as linguas; e
por isso todo aquelle, que della tiver
perfeita sciencia, a1 quando passar para
Xo estudo de qualquer lingua estranha,
assim como a Latina, levará hum
grande adiantamento por saber já o
que he Nome, o que he Verbo, e a
natureza, e propriedade de todas as
partes do discurso, e o modo, com que
se unem estas na oração.

Com a experiencia falla o doutissimo
Hespanhol D. João Caramuel;
porque testifica, que conseguíra fallar
até dez linguas, por lhe ter ensinado
o seu primeiro Mestre a Grammatica
da lingua Castelhana antes de aprender
a Latina; e por isso aconselha,
que aos meninos se ensine a Grammatica
XIda lingua nacional primeiro, que
a de alguma lingua estranha. Este utilissimo
arbitrio approvão todos os homens
doutos, que tem voto na materia.
Entre estes o Doutor Bernardo
de Aldrete
a2 julgou necessario haver
em Hespanha escolas da lingua Castelhana,
assim como as havia antigamente
em Roma para o ensino da
lingua Latina, pois da falta dellas
diz, que procedia serem poucos, os
que fallavão na mesma Hespanha com
perfeição a lingua Castelhana, e com
muito trabalho. A mesma necessidade
de escolas em Portugal conheceo o
nosso Roboredo, b3 e o grande João de
XIIBarros
aconselha, que nas mesmas escolas
de ler, e escrever se ensine a
Grammatica da lingua materna aos
meninos. Do mesmo voto são o Padre
D. Jeronymo Contador de Argote,
e meu Mestre o erudito Antonio
Felis Mendes
a4 sogeito de huma rara
erudição nas humanas letras, Autor
da Grammatica Latina reformada, que
Sua Magestade Fidelissima approvou
XIIIpara o uso das escolas, e nesta Corte
actual Professor Regio da mesma
Grammatica, que ensina com grande
aceitação dos eruditos, instruindo aos
seus discipulos nas regras da boa Latinidade,
por possuir este doutissimo
Portuguez huma completa noticia da
lingua Romana, como se a tivesse adquirido
no mesmo antigo Lacio.

He tão manifesta a utilidade deste
sabio arbitrio, que não precisa de demonstração.
Ainda que tem grande
difficuldade para se poder executar;
por quanto os Mestres das escolas de
ler de ordinario não tem a instrucção
necessaria para ensinarem a fallar, e
escrever a lingua Portugueza por principios.
Do que provém sahirem das
escolas os seus discipulos cheios de irremediaveis
vicios, assim no pronunciar,
como escrever as palavras Portuguezas;
defeitos, que difficultosamente
perdem por serem adquiridos
XIVna tenra idade corrompida com o venenoso
leite de erradas doutrinas.

Sómente se poderia evitar este tão
grande prejuizo, se se approvassem para
Mestres das sobreditas escolas pessoas,
que tivessem perfeito conhecimento
dos principios da lingua Portugueza.
Por quanto só estes Mestres
serião capazes de illustrar aquelles tenros
engenhos sepultados nas sombras
da ignorancia natural; pois ao mesmo
tempo que ensinassem aos meninos
as regras da Grammatica materna,
na intelligencia, e explicação destas
os obrigarião a discorrer nas causas,
e razões da lingua que fallão;
e neste estudo sem dúvida gastarião
com grande utilidade o tempo, que
inutilmente despendem em lerem os
processos dos litigios; pois em lugar
destes lhes seria mais proveitoso lerem
hum Autor de historia Portugueza
de frase pura, e facil, em que com
XVreflexão ajudados da explicação dos
Mestres vissem praticadas as regras,
que tivessem aprendido, e desta lição
sem dúvida conseguirião tambem os
meninos o ficarem juntamente instruidos
na Historia Portugueza necessaria
a toda a qualidade de pessoa; por
quanto a primeira, e indispensavel obrigação,
que cada hum tem, depois
da perfeita noticia da Religião, he
o saber bem a lingua, que aprendeo
desde o berço, e juntamente a historia
do Paiz, em que nasceo.

Estou certo, que a esta puericia
bem educada se seguiria naturalmente
huma perfeita adolescencia; pois
aquelles, que das escolas de ler, e escrever
sahissem para as da Grammatica
Latina, levarião o adiantamento,
que já mostrámos; e os que ficassem
só com a noticia dos principios da sua
lingua, ficarião com a intelligencia necessaria
para lerem com reflexão, e
XVIpoderem imitar, compondo os Autores
Portuguezes de melhor nota. Consequentemente
receberia a Republica
grande utilidade em crear sogeitos
capazes para exercerem os officios públicos
de escrever nos Auditorios, Tribunaes,
e Secretarias, sem a imperfeição
de fallarem, e escreverem a lingua
Portugueza com os erros, que
commummente se notão nos que servem
os sobreditos empregos.

Mas ninguem se admire, de que
sendo tantos os clamores, com que
homens tão doutos publicão a necessidade
de escolas da Grammatica materna,
não tenhão sido estes até agora
ouvidos; por quanto o desprezo da
Grammatica materna procede do erro,
em que quasi todos estão de julgarem
superfluo o trabalho de aprenderem
pelo meio de regras aquillo
mesmo, de que já o uso lhes ensinou a
prática; não advertindo, que em materia
XVIInenhuma se póde fallar sem medo
de errar, faltando o governo das
suas regras, pois ainda aquelles, que
sabem a Grammatica da sua lingua
natural, se não livrão de defeitos. Para
prova desta proposição e desengano
dos que entendem o contrario, me
quero lembrar daquelles dous Sabios
Romanos Cicero, e Varrão; porque
não obstante serem dous célebres
Filologos da idade aurea da lingua Latina,
e terem a sciencia da sua Grammatica,
fallárão a mesma lingua, que
lhes era natural, com algumas imperfeições;
como observou passados Seculos
a sabia especulação de Francisco
Sanches
(chamado Brocense, por ser
natural de Broças em Hespanha); e
depois delle o advertírão tambem o
doutissimo Alemão Jerardo João Vossio,
e o insigne Hollandez Jacome Perizonio,
tres famigerados Grammaticos,
e Criticos bem célebres pela sua
XVIIIdistinta erudição na Republica das Letras.

Porém não obstante o eu reconhecer
que o sobredito desprezo, que se
faz da Grammatica materna, he desgraça
transcendente a todas as linguas
vulgares, com justa razão me posso
persuadir, de que he chegado o feliz
tempo, em que a Nação Portugueza
ha de conseguir a grande gloria de ser
a primeira, que imite a sabia policia
da Romana, em mandar ensinar á mocidade
a Grammatica da lingua natural;
por quanto esta felicidade lhe
promette o sabio Governo de seu Augusto
Monarca o Senhor D. Jose I,
a quem a Eterna Sabedoria destinou
para glorioso Restaurador das Letras
arruinadas quasi por dous Seculos
nos seus vastos Dominios; pois já á
sua paternal Providencia devemos o
restabelecimento dos Estudos, e a fundação
de novas Escolas com as mais
XIXsabias Instrucções para os Professores
ensinarem a Rhetorica, e a Grammatica
das linguas Hebraica, Grega, e
Latina. Sendo tambem a todos manifesto
o quanto para a refórma dos Estudos
devemos ao incansavel zelo do
seu grande Ministro o Excellentissimo
Senhor Conde de Oeyras, por conhecer
este doutissimo Portuguez, que
no amor da Patria serve de exemplar
a todas as Nações do Mundo, que da
cultura das Letras depende a maior
felicidade de huma Monarquia, que
nunca já mais florece nos infelices tempos,
em que nella domina a barbara
ignorancia.

Mas ninguem collija, do que tenho
dito, ser o meu intento inculcar
a presente Arte para o uso das escolas,
porque bem conheço as suas muitas
imperfeições, e que ha muitos sogeitos
abalizados neste genero de letras,
a quem se possa encarregar a
XXperfeita composição de huma Grammatica
Portugueza. Bem verdade he,
que na falta de outra não deixará a
presente de ser util, e necessaria, não
só para os que quizerem aprender os
preceitos da sua lingua, mas tambem
para os Estudantes da Grammatica
Latina; pois ainda que os doutissimos
Professores Regios em observancia de
hum dos preceitos das Instrucções Regias
para os Estudos lhes expliquem
a analogia, que tem a lingua Portugueza
com a Latina, com tudo nunca
se póde dar sem Arte a5 a necessaria
XXInoticia das regras da Grammatica
Portugueza; e quando se possa dar
perfeita, não será sufficiente a capacidade
dos principiantes para reterem
na memoria tudo o que ouvirem á viva
voz dos Professores. Por cuja razão
lhes julgo necessaria huma Grammatica
Portugueza, em que possão
cada vez que lhes for necessario examinar
as suas regras, observando com
especulação aquillo, em que ellas convem,
ou differem dos preceitos da
lingua, que aprendem.

Eu bem sei que me poderão dizer,
que para isso não ha necessidade
da presente Grammatica por termos
outras, cujos Autores são de conhecido
merecimento entre os eruditos;
porém como o supersticioso culto, que
se dá a muitos Autores, não basta sómente
para lhes canonizar por boas
as suas obras; por isso ninguem me
estranhe o censurar as Grammaticas,
XXIIque temos da nossa lingua; porque o
faço sómente a fim de mostrar a razão,
e a verdade, para que á vista
desta conheção os Criticos imparciaes
os defeitos, que encerrarão as sobreditas
Grammaticas, e o quanto dellas
se distingue o presente Methodo, tanto
na ordem, como por serem fundadas
as suas regras nas verdadeiras causas
da lingua Portugueza, e nas doutrinas
dos Grammaticos mais célebres,
que com as luzes da Filosofia examinárão
a natureza, e propriedades das
palavras.

Em primeiro lugar a Arte de Fernão
de Oliveira
, impressa em Lisboa
no anno de 1552 com o titulo:
Grammatica da linguagem Portugueza,
não póde ter o nome de Grammatica,
porque contém sómente huma
breve noticia das letras, e seus
sons, e huma confusa idéa da declinação
dos nomes. A Arte de João de
XXIIIBarros
, impressa em Lisboa no anno
de 1540, he muito breve, pois não dá
perfeita idéa do que he Grammatica,
por não tratar das partes do discurso
com a extensão, e clareza necessaria;
e além disso contém alguns erros
grandes, como he dar vocativo ao
Pronome Eu, ensinando a dizer-se no
singular ó Eu, e no plural ó Nós. Amaro
de Roboredo
no seu Methodo
Grammatical para todas as linguas,
impresso em Lisboa em 1619, trata da
Grammatica Portugueza para melhor
intelligencia da Latina; porém não
dá a necessaria noticia das diversas declinações
dos Nomes, e Conjugações
dos Verbos, assim regulares, como irregulares;
admittindo tambem por
preposições muitas palavras, que o não
são. No Tratado da Syntaxe tem muitos
defeitos por querer regular quasi
em tudo a Syntaxe Portugueza pela
Latina.XXIV

Da Arte do Padre Bento Pereira,
impressa em Londres no anno de
1672, podia deixar de fallar por duas
razões. 1.ª Por ser escrita na lingua
Latina, por cuja razão só póde servir
para aquelles, que tiverem sciencia da
dita lingua. 2.ª Por se achar este Autor
reprovado por Sua Magestade Fidelissima;
porém como poderáõ dizer,
que a reprovação só cahe sobre
a Prosodia Latina do mesmo Autor,
e não sobre a dita Arte, se me faz
preciso mostrar-lhes, que se esta não
está reprovada, o estão algumas das suas
doutrinas, por serem as mesmas, que
seguio o Padre Manoel Alvares na
sua Grammatica Latina, de que Sua
Magestade Fidelissima prohibio o uso
nas escolas.

São innumeraveis os erros deste
Autor; porém sómente farei menção
de alguns por causa da brevidade. No
tratado dos Nomes não faz menção
XXVdas differentes declinações do Nome
substantivo; pois só distingue a do
Nome masculino da do feminino. Erra
em dar vocativo ao Pronome Eu,
talvez por seguir a João de Barros.
O mesmo erro commette em dar vocativo
ao Pronome Tu; porém neste
tem maior desculpa por ser transcendente
a todos os Grammaticos assim
vulgares, como Latinos, a quem deixo
de seguir por ser para mim maior,
do que a sua autoridade, a da razão,
pois não he natural, que fallando
eu com Pedro, lhe diga, v. gr. Ó tu,
dá-me a minha espada
; e ainda no caso
que assim diga, não se segue que
o Pronome Tu esteja em vocativo; porque
antes de o proferir já na minha
mente tenho concebido o Nome Pedro,
em cujo lugar o ponho na oração;
e o dito Nome Pedro occulto
por Ellipse he só o vocativo, e a pessoa,
com quem eu fallo, sendo a ordem
XXVIda oração esta: Ó Pedro, tu dá-me a
minha espada
. A muitos ha de parecer
mal a novidade desta doutrina só pela
não verem nas Artes, por que estudárão;
porém hum Critico de grande
merecimento, que pertendeo provar
estar o Pronome Tu em vocativo nos
seguintes Versos do nosso insigne Poeta
Luiz de Camoens:

Ó bem afortunado
Tu, que alcançaste com lira toante,
Orfeo, ser escutado
Do féro Rhadamante.
Ode III.

Se deo por convencido, quando lhe mostrei,
que nos ditos Versos só se acha
em vocativo o Nome Orfeo, sobre que
cahe a interjeição ó, por ser a ordem
natural da oração assim: Ó Orfeo, bem
afortunado tu Orfeo, que alcançaste
,
&c. em que se vê que o Pronome Tu,
ajuntando-se-lhe por apposição o substantivo
XXVIIOrfeo occulto por Ellipse, e
concordado com o adjectivo o relativo
que serve de nominativo ao verbo alcançaste,
que com elle concorda em
estar na segunda pessoa. E não faça
dúvida a repetição do Nome Orfeo
junto ao Pronome Tu, por quanto os
Pronomes Eu, e Tu são relativos, por
trazerem á memoria o Nome substantivo,
pelo qual se poem na oração; e
por isso quando eu digo v. g.: Eu estou
escrevendo huma doutrina contraria
á opinião de todos os Grammaticos
,
a ordem da oração he: Eu Antonio
estou escrevendo
, &c. Do que se
collige, que quando na oração se disser
exclamando: Ó tu, ó vós, sempre
o Pronome tu, e vós se acha em nominativo,
e em vocativo o substantivo
occulto por Ellipse, que elle traz
á memoria, e em cujo lugar está na
oração; como se se disser, exclamando
v.g.: Ó vós, que me ouvis, tende compaixão
XXVIIIde mim
; onde o Pronome vós
está em nominativo, e em vocativo o
substantivo homens occulto, que elle
traz á memoria, posto em seu lugar
na oração; pois desta a ordem he: Ó
homens, vós homens, que me ouvis, &c
.

Aos Pronomes Este, Esse, e Aquelle
dá o mesmo Autor a terminação
neutra Isto, Isso, e Aquillo, sem advertir,
que geralmente nas linguas
vulgares os adjectivos tem sómente
duas fórmas, por serem só dous os generos
dos Nomes substantivos; por
cuja razão se vê claramente que Isto,
Isso, e Aquillo são Pronomes destinctos,
ainda que derivados de Este, Esse,
e Aquelle. Tambem diz que os
adjectivos numeraes trinta, quarenta,
sincoenta, sessenta, setenta, quatro,
seis, vinte, cem, carecem de numero
plural por não usarmos dizer
trintas, quarentas, &c. erro manifesto,
pois pelo contrario os ditos adjectivos
XXIXcarecem de numero singular, por
lhes ajuntarmos sómente substantivos
do plural, como se vê, quando dizemos
Trinta homens, Quarenta annos.

No tratado dos Verbos seguio inteiramente
ao Padre Alvares, pois
ao modo Conjunctivo dá tambem as
mesmas linguagens, ou vozes do Indicativo,
sem advertir que os modos
entre si se distinguem pelas differentes
vozes, e terminações.Tambem
admitte o modo Potencial, de que foi
inventor o célebre Inglez Thomaz Linacro,
e nelle acha a mesma belleza,
que attrahio ao Padre Alvares para
o introduzir na conjugação dos Verbos,
sem reflectirem estes dous Jesuitas,
que as vozes, que dão ao célebre
Potencial, são as mesmas do modo
Conjunctivo, por cuja razão se faz
desnecessaria a introducção do Potencial
reprovado com solidissimos fundamentos
por Sanches, Perizonio, Vossio,
XXXe Sciopio Autores da primeira
ordem entre os Grammaticos. Tambem
admitte o modo Optativo, que
só nos Verbos da lingua Grega tem
lugar, como testifica Mindano na sua
Arte de Grammatica Latina impressa
em Basiléa anno de 1601, sem advertir
que são as mesmas vozes do Conjunctivo,
ajuntando-se-lhes as palavras
Praza a Deos, Queira Deos, e Oxalá,
que quer dizer: Queira Deos, de
cujo termo se usa em toda a Hespanha
por ficar nella entre outros dos
Mouros, que tambem o tomárão dos
Hebreos, como diz Genaro Sisti
Professor na Real Universidade de Napoles
das linguas Arabica, e Hebraica
na tradução do Methodo de Port-Roial
de Francez em Italiano, impresso
em Napoles no anno de 1742.

No modo Infinito poem tambem
linguagens indicativas, desconhecendo
juntamente a excellencia do Infinito
XXXIPortuguez em ser tambem pessoal, o
que se não acha nas linguas Grega, e
Latina, na Franceza, Italiana, e outras
vulgares; porque nestas o verbo
Infinito he sempre impessoal, e indeterminado,
quando na Portugueza humas
vezes he impessoal, e outras pessoal,
como v.g. o Verbo Infinito
Amar he impessoal, quando digo: He
preceito Divino amar a Deos
; porque
então não determina as pessoas,
que devem amar a Deos; porém he
pessoal, se eu disser: He preceito Divino
amar eu a Deos
, amares tu a
Deos
, amar Pedro a Deos, amarmos
nós a Deos
, amardes vós a Deos, amarem
todos a Deos
. Advertindo que,
rigorosamente fallando, o Verbo nesta
significação não he Infinito, mas sim
finito por significar determinadamente;
mas como os Grammaticos lhes
chamão Infinito, nós tambem faremos
o mesmo debaixo da sobredita
XXXIIadvertencia. Erra em admittir Gerundios,
e Supplementos de Supinos; pois
ainda na lingua Latina os Verbos não
tem estas vozes por serem os Gerundios,
e Supinos huns nomes derivados
dos Verbos, como dizem com
outros Sanches, e seu Commentador
Perizonio.

Além dos sobreditos erros desconhece
a natureza do Verbo Ser, porque
diz que tem duas partes, que
são, Ser, e Estar, sem reflectir que são
dous Verbos distinctos. No imperativo
do Verbo Haver diz na segunda
pessoa do singular Ha tu, não se achando
a voz Ha usada; pelo que mais
acertado era dizer que o Verbo Haver
carece da dita pessoa. Tambem
erra o mesmo Autor com todos os
Grammaticos vulgares em dar aos
Verbos terceira pessoa no singular, e
primeira, e terceira no plural no futuro
do Imperativo por carecer este
XXXIIIdas ditas vozes; pois quando digo v.
g.: Ame Pedro as Virtudes. Amemos
nós as Sciencias
. Amem os homens a
Patria
; as pessoas Ame, Amemos, Amem
não são vozes do futuro do Imperativo
do Verbo Amar, como dizem
os nossos Grammaticos, mas sim
do presente do Conjunctivo do mesmo
Verbo, por serem locuções connexas,
e dependentes de outro Verbo,
que se entende antes occulto para
fazerem sentido completo; e por
isso as sobreditas orações, por serem
do Verbo Conjunctivo, necessitão de
se lhes ajuntar hum supplemento exterior
para fazerem sentido perfeito,
isto he, outra oração, dizendo-se por
esta fórma, ou outra semelhante: He
justo que ame Pedro as Virtudes
. He
util que amemos as Sciencias
. He preceito
natural que amem os homens a Patria
.

Passando ao tratado da Syntaxe
XXXIVnelle se encontra o maior defeito; porque
sendo a Syntaxe a principal parte
da Grammatica, em que todos os
Grammaticos dão regras da concordancia,
e regencia das partes da oração,
o Padre Pereira a reduz sómente
em dar humas regras para se conhecer
na oração os casos dos Nomes
pelas particulas, que se lhes antepoem,
e com isto fica tão satisfeito, que conclue,
dizendo, que poucas regras comprehendem
toda a Syntaxe da lingua
Portugueza; e o mais he affirmar, que
os Estrangeiros a poderáõ aprender
com facilidade sem perigo de errar;
quando com erro notorio deixa de
lhes ensinar a compor a oração Portugueza,
e a concordar, e reger as
suas partes; porém sem dúvida julgou,
que isto era sómente necessario
dizer-se na Syntaxe Latina, que diz
ser vastissima, e difficilissima.

Por certo que não tem desculpa
XXXVtão reprehensiveis descuidos em hum
Autor, a quem os Jesuitas veneravão
por oraculo em algumas sciencias. E
o que mais admira he ver, que jactando-se
elle de ter composto a Prosodia
Latina, em que nos offereceo
hum thesouro da lingua Portugueza,
sem ter ainda trinta annos de idade,
tropeçasse tanto depois dos sessenta e
tres nas regras da Grammatica da sua
propria lingua, ao mesmo tempo que
confessa, que lhe deo grandes documentos
o Doutor Manoel Luiz da
mesma Companhia, a quem acclama
por sogeito bem instruido nas humanas,
e Divinas Letras.

Na Grammatica de D. Jeronymo
Contador de Argote
se não achão
na verdade tantas imperfeições, como
se encontrão nos sobreditos Grammaticos;
porque são melhores as suas
definições, por ter seguido, como o
mesmo Autor confessa, a LAMI na sua
XXXVIGrammatica discursada, e as doutrinas
do Methodo dos Padres da Congregação
do Port-Roial. Além de
que trata a Syntaxe separadamente, o
que de ordinario não fazem os Grammaticos
de linguas vivas.

Porém tem o defeito a dita Grammatica
de não dar regras para se conhecer
o genero dos Nomes, assim
pela sua significação, como pela terminação;
de não dizer as irregularidades
dos Preteritos dos Verbos pelas
haverem em todas as conjugações.
Tambem lhe falta o tratado da Prosodia,
além de alguns erros, que commetteo
o seu Autor; porque ensina
que as particulas De, Do, Dos, Da,
Das são artigos, sem reflectir que De
he sempre preposição, e que Do, Dos,
Da, Das são artigos juntos com a
preposição De, como diremos em seu
lugar. Não distingue as declinações
dos Nomes por chamar artigos a todas
XXXVIIas particulas, que se antepoem aos
ditos Nomes para lhes differençarem
os casos.

Nas conjugações dos Verbos tambem
pecca em dar a alguns tempos
linguagens improprias; e no Modo
Infinito em deixar de fazer os tempos
tambem pessoaes, e admitte Gerundio,
voz, que não ha nos Verbos em
lingua alguma; porém tem desculpa
neste erro por seguir a opinião commua
dos Grammaticos, assim vulgares,
como Latinos.

Na Syntaxe simplez, que trata
largamente, tem muitas regras falsas
por seguir ao Jesuita Alvares, e seus
Commentadores; pois com as doutrinas
destes ensina, que alguns adverbios
pedem nominativo, sem reflectir
que todo o nominativo he de Verbo,
que na oração, quando não está claro,
se entende occulto, como se vê
claramente no exemplo, que dá o mesmo
XXXVIIIAutor: Eis-aqui o ladrão, que he
huma oração figurada, em que o nominativo
ladrão, não pertence ao adverbio
Eis-aqui, como elle ensina, mas
sim ao Verbo Está, que se entende
occulto pela figura Ellipse; pois quer
dizer a dita oração Elliptica: Eis-aqui
está o ladrão
.

Por não entender o frequente uso
da sobredita figura admitte tambem
nominativo absoluto, e pertende provar
esta falsa regra com o seguinte exemplo:
Posto eu á meza, deo meio dia;
onde diz, que os nomes Posto eu se
achão em nominativo absoluto por não
haver Verbo, a quem pertença; porém
diz assim por não passar das palavras
sem examinar as razões da lingua;
pois se reflectisse nellas havia de
entender, que he huma oração figurada,
em que de fóra se sobentendem
palavras para se reduzir á Syntaxe regular;
pois quer dizer: Posto eu á
XXXIXmeza, ouvi o relogio, que fez o sinal
de ser passado o meio dia
. Se a alguem
causar novidade este supplemento de
palavras, será por desconhecer o uso
da figura Grammatical Ellipse; e se
lhe parecer muito extenso, maiores
admittem os Grammaticos Latinos de
melhor nota, pois usão de frases compridas,
e ás vezes duras para reduzirem
á Syntaxe simplez as orações figuradas,
como se póde ver em Sanches,
Perizonio, e Vossio.

Em todas as linguas he frequentissimo
o uso da Ellipse; por quanto
os homens amantes da brevidade da
locução deixão de dizer as palavras,
que já pelo continuo uso de fallar se
sobentendem, o que não advertio o
Padre Argote, quando disse tambem,
que esta palavra A Deos, de que
usamos nas despedidas, he hum idiotismo
da lingua Portugueza, por não
reflectir que he huma oração Elliptica,
XLem que faltão palavras, que já
pelo uso se suppoem sabidas; pois quer
dizer: A Deos peço que fique na vossa
companhia
, ou outro supplemento
semelhante a este.

Outros defeitos deixo de referir
por não ser o meu intento fazer huma
Crise a este doutissimo Religioso,
mas sim mostrar que a sua Grammatica,
não obstante ser huma das melhores,
entre as que se tem escrito de
linguas vulgares, he diminuta, e que
contém muitas regras falsas. Não he
o meu animo censurar as Grammaticas
alheias, a fim de incultar a minha
livre de erros; porque bem conheço
a invencivel difficuldade que ha em
compor huma Grammatica sem imperfeições,
por ser huma materia, em
que tem errado os homens mais doutos,
que tem havido neste genero de
letras.

Para prova disto basta sómente dizer,
XLIque sendo tantos os Grammaticos,
assim vulgares, como Latinos,
ainda não houve hum, que deixasse
de ter defeitos; pois até no mesmo
famoso Grammatico Sanches descubrio
o Perizonio algumas faltas, não
obstante ser este doutissimo Critico o
primeiro entre os eruditos em materias
de Grammatica, pois delle affirma
o nosso Roboredo a6, que soubera
mais Grammatica Latina, que o mesmo
Cicero, e Varrão. E se isto succedeo
a hum Grammatico tão célebre,
que illustrou parte dos Seculos decimo
quinto, e sexto com a sua vasta erudição,
XLIIcom justo fundamento não posso
deixar de persuadir-me, de que a presente
Grammatica se acha cheia de
erros, os quaes sem dúvida serião
maiores senão fosse o grande cuidado,
e trabalho, com que pertendi formar
hum systema, que fosse util para
a instrucção da mocidade Portugueza;
pois para esse fim com larga especulação
examinei as causas, e usos da lingua
Portuguesa, seguindo as doutrinas
de Sanches, Perizonio, Vossio,
Sciopio, e Lancelloto por excederem
estes célebres Grammaticos aos antigos
em examinarem filosoficamente as
materias; pois he certo, que sem o
soccorro da Filosofia se não póde conhecer
perfeitamente a natureza das
parte da oração.

Para facilitar a intelligencia das
regras distribui as materias de sorte,
que dependem successivamente huma
das outras; pois como póde hum principiante
XLIIIperceber a declinação dos Nomes,
sem se lhe ter dado primeiro huma
clara idéa do que he Nome, e do
que he Declinação. Verdade he, que
alguns Grammaticos modernos costumão
antes de tudo dar humas noticias
previas de todas as partes declinaveis
da oração. Porém além de serem
estas diminutas, por não conterem
a explicação das propriedades das ditas
partes da oração, são dadas fóra
dos seus proprios lugares, pois sem
dúvida he mais conforme á boa ordem,
e á razão, quando se trata, v. g.
do Verbo, dizer, para melhor intelligencia,
no mesmo lugar a sua natureza,
e propriedades, do que fazer
menção dellas em lugar separado.

Pela mesma razão me pareceo
mais natural o tratar dos Generos depois
dos Nomes por serem huma das
suas propriedades; e dos Preteritos
depois dos Verbos por serem hum dos
XLIVTempos, de que se compoem os mesmos
Verbos, imitando nesta ordem
ao nosso insigne Roboredo, seguido
tambem pelo doutissimo Padre Antonio
Pereira
a7 célebre Filologo da nossa
idade, bem conhecido entre os eruditos
pela sua vasta erudição, assim nas
Divinas, como nas humanas Letras.

A Syntaxe, em quanto á substancia,
he a mesma que a Latina; pois
com esta me conformei em tudo, em
que ella convem com a Portugueza;
e em algumas regras depois de dizer
os usos particulares da lingua Portugueza,
declarei tambem a differença,
que della faz a Latina, para que o
principiante possa aprender ao mesmo
tempo a Syntaxe de ambas as linguas.
Nas doutrinas segui, além de outros
Grammaticos, ao doutissimo Sanches,
não só por serem tratadas filosoficamente
XLVcom grande louvor dos homens
doutos, mas tambem por mandar Sua
Magestade Fidelissima nas Instrucções
para os Estudos observar a erudita
Minerva deste insigne Autor.

Para melhor intelligencia de algumas
regras em lugar separado lhes
fiz humas notas, em que se mostra
comprehenderem-se nas mesmas regras
outras, que os Grammaticos vulgarmente
accrescentão sem necessidade
por não conhecerem as verdadeiras
razões da Syntaxe. Tambem julguei
necessario dar huma breve noticia
da Syntaxe figurada, a qual se acha
illustrada com exemplos tirados
dos nossos Poetas, em que se mostra
como as orações figuradas se reduzem
ás regras da Syntaxe simplez.

Com esta fórma organizei a presente
Arte; e como nesta materia são
sempre certos os descuidos, rogo a
todos os Criticos, que tiverem perfeito
XLVIconhecimento dos principios da
lingua Portugueza, queirão ter o trabalho
de mos advertirem; pois já daqui
prometto que na segunda impressão
darei emendados os erros, assim
os que for pelo tempo adiante descubrindo,
como tambem os que me advertirem,
declarando, se me for permittido,
os nomes dos doutissimos
Censores com as demonstrações do
maior agradecimento devidas a hum
tão grande beneficio.

Advertindo porém que em materias
de Ortografia se me apartar das
regras, que alguns seguem, ninguem
repute isto por erro por serem nesta
materia tantas as opiniões, quantos
os Escritores. Com justa razão julguei
que devia seguir a Ortografia, que
vejo usada pela Corte, reservando para
o Tratado desta, que brevemente
darei ao público, o dizer o que sinto
nesta materia. Não cause reparo
XLVIIpromettello separado da presente Arte,
por quanto me conformo com o
costume dos Grammaticos, que nas
Artes não tratão da Ortografia, sem
embargo de ser huma das partes, de
que consta a Grammatica; e isto sem
dúvida pela razão de ser a Ortografia
por si só materia bastante para fazer
hum Tratado separado.XLVIII

1a E virá-se a facilitar mais o commercio entre
as Nações, e a descubrir muitas propriedades da
lingua estranha, fazendo da materna quasi regra commum;
como por exemplo, quem souber per Arte a
Portugueza, ou Castelhana, discorrendo na Latina
per semelhança, irá descobrindo hum concerto,
propriedade, e methafora racional, e ainda
as irregularidades, e particulares modos de fallar,
que o ignorante vulgo introduzio, os quaes são
certas quebras da arte, que sendo mui arreigadas,
devemos usar. A razão he, que os Latinos erão
homens, com os quaes concordamos na racionalidade,
que encaminha o entendimento, e lingua
a declarar o que sentimos: ainda que as palavras
sejão diversas, assim cada huma per si, como muitas
juntas na razão da frase, com tudo a união racional
dellas em todos he a mesma. Amaro de Roboredo
no Prologo do Methodo Grammatical para todas
as linguas
impresso em Lisboa no anno de 1619.

2a No Tratado da Origem da lingua Castelhana
impresso em Roma no anno de 1606.

3b E a lingua materna se ha primeiro ensinar
per arte aos meninos. Para o que fora de muita
importancia crear-se huma Cadeira ao menos nas
Cortes, e Universidades… Saberão os principiantes
per arte em poucos annos, e melhor a lingua
materna, que sem arte sabem mal per muitos
annos com pouca certeza a poder de muito ouvir,
e repetir… e serão mais certos, e apontados no
que fallão, e escrevem. Terão mais copia de palavras,
e usaráõ dellas com mais propriedade. Porque
por falta de regras, ainda nas Cortes, e Universidades,
se fallão, e escrevem palavras necessitadas
de emenda. Saberão por regras de compor, e
derivar ampliar a lingua materna, e ajuntar-lhe
palavras externas com soffrivel corrução, e formar
outras, para que com menos rodeios se possão explicar
os conceitos, e as sciencias, quando na materna
se queirão explicar. No Prologo do Methodo
Grammatical
.

4a No prologo da Grammatica Portugueza da
lingua Latina para o uso dos Cavalheiros, e Nobres,
que tem Mestre em sua casa impressa em
Lisboa no anno de 1741.

5a Por se não saber a lingua materna per Arte
vão na Latina Mestres, e Discipulos morrendo
com ambas juntas. E no cabo de quatro annos
as sabem remissamente, huma sem Arte, e outra
per Arte mais proporcionada com seus absurdos,
e rodeios á longa vida da primeira idade, que á
brevidade, e puericia desta nossa. E se quando se
tem per mui Latinos lhes perguntamos a razão da
lingua que fallão, emudecendo na propria a dão
melhor na extranha, que aprendêrão, e não fallão.
Roboredo no Prologo do Methodo Grammatical.

6a De estar a Latina reduzida a Arte ha tantos
annos, e ir-se sempre aperfeiçoando, podemos dizer,
que soube Francisco Sanches Brocense
mais Grammatica em nossos tempos, que Cicero,
e Varrão colunas da lingua nos seus, que
lhe precederom 1640 annos. Elle mais Grammatica,
estes mais Latim. Porque a Grammatica
depende da razão, que a natureza vai pelo tempo
descubrindo aos bons engenhos, que sobre ella
trabalhão. No Prologo do Methodo Grammatical.

7a No Novo Methodo da Grammatica Latina para
o uso das escolas da Congregação do Oratorio.