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Fonseca, Pedro José da. Rudimentos da grammatica portugueza – T02

[Rudimentos
da Grammatica Portugueza
(notas)]

Nota I.
Pag. 9.

João de Barros, e quantidade de outros
Classicos nossos, nunca dão a commum a
terminação em a, quando o ajuntão a substantivo
feminino. Outros porém, tanto anteriores
ao mesmo Barros, como seus contemporaneos,
se servem da dita segunda terminação,
como bastão a mostrar (por não
ser prolixo) os seguintes lugares. D. Cather.
Inf. Regr. l. 1. c. 4. A ledice he a elles
commua. – l. 1. c. 11. A nós, e a elles seja
a sorte igual, pois a gloria he commua.
– l. 1. c. 18. Bemaventurança commua. D.
Fr. Br. de Barr. Espelh. l. 4. c. 2. Sciencia
commua. Eufros. act. 2. sc. 1. Commua
desaventura. – act. 3. sc. 2. Pola commua opinião.
Ferreir. de Vasc. Aulegr. Act. 3. sc. 2.
Seita commua. Brito, e Vieira frequentemente
usão já de huma, já de outra terminação,
como bem lhes parece, concordando-a com
subst. fem. Muitos são os lugares, como
nas suas obras póde observar-se ; pelo que
só pomos aqui dous de cada hum dos ditos
AA. Brit. Chron. de Cist. L. 1. c. 5. Experiencia
commua. – l. 4. c. 8. Dando-lhe
(á visão) varias interpretações… sendo a
mais commua, que &c. Vieir. Serm. t. 1. col.
79. Doutrina, que parece commua. – t. 1.
313col. 852. Em huma cousa tão commua. Nos
escritos de Fr. Luiz de Sousa, impressos em
sua vida, não se encontra a terminação em
a de commum ; porém na III. Parte da Hist.
de S. Dom. se lê l. 1. c. 1. Vida commua.
– l. 2. c. 8. Opinião commua.

O plural communs junto a subst. fem.
tambem se acha em alguns dos melhores
AA. Taes são, além de outros, os seguintes.
Barr. Grammat. p. 159. Basta saber que
temos duas conjunções mais commũus. Id.
Decad. 2. l. 10. c. 7. Sellas commũs pera
cavalgarem escravos. Ferreir. Poem. Lusit.
l. 1. cart. 9. Commũs sortes. Paiv. Serm.
part. 1. f. 199. Rezões commũs. D. Fr.
Amad. Arraiz, Dial. 7. c. 18. As penas commũs,
e usadas. Lucen. Vid. l. 2. c. 19. As
mulheres… são commũs. – l. 8. c. 9. Commũs
naturezas. Leão, Chron. de D. Aff.
Henr. f. 45. Insignias commũs. Sous. Hist.
part. 1. l. 5. c. 14. Na cama não havia differença
das commũs dos Frades ordinarios.
– Vid. l. 2. c. 4. Pousadas commũs. D. Franc.
Man. Epanaf. 1. p. 144. Commũs praticas.

Nota II.
Pag. 14.

Para certeza da mudança, que em seus
generos tem sentido varios nomes Portuguezes,
apontamos aqui alguns com a sua confirmação.
314O uso, supremo legislador em
muitos pontos de lingoagem, he quem neste
sómente regula, e estabelece o que deve
observar-se,

Nomes, que antigamente forão do genero
masculino, e hoje só se usão no feminino.

Alleluia. D. Cather. Inf. Regr. l. 1. c. 23.
Lucen. Vid. l. 2. c. 4. P. Man. Bernard.
Florest. T. 5. tit. 2. p. 9. B.

Arvore. Bernard. Ribeir. Manin. 2. c. 29.
Mor. Palmeir. Part. 2. c. 54. Leão,
Orig. c. 7.

Bagagem. Brit. Chron. l. 5. c. 1.

Basis. Eufros. act. 1. sc. 1. f. 12.

Coragem. Ferreir. de Vasc. Aulegr. Act. 1. sc. 6.

Frasis. Eufros. act. 3. ac. 2. f. 117.

Gages. Brit. Chron. l. 4. c. 27.

Homenagem. Pereir. Elegiad. Cant. 12. f. 158.

Laudes. Barreir. Chorogr. f. 245.

Lingoagem. Fr. Gonç. da Silv. Vid. de S.
Bernard. tit. da obra.

Linhagem. Fern. Lop. Chron. de D. J. I,
part. 1. c. 32. p. 57. D. Fr. Amad. Arraiz,
Dial. 2. c. 2.

Origem. D. Fr. Br. de Barr. Espelh. l. 3.
c. 40. Mor. Palmeir. part. 1. c. 24.

Pyramide. Barr. Decad. 3. l. 4. c. 1. Fernand.
Palmeir. part. 3. c. 66. Lob. Past.
Peregr. L. 1. jorn. 11. f. 73.315

Village. Barreir. Chorogr. f. 220.

Visagem. Brit. Chron. l. 2. c. 11.

Nomes antigamente do genero feminino,
e hoje só do masculino.

Cometa. Barr. Decad. 1. l. 5. c. 2.

Eccho. Poet. Sá de Mirand. Obr. cart. 7.
Bernard. Lim. ecl. 4.

Estratagema. Barr. Decad. 4. l. 1. c. 9. Pereir.
Elegiad. Cant. 2. f. 23. Leão, Chron.
de D. Aff. Henr. f. 41.

Extase. Sous. Hist. part. 1. l. 2. 20.

Fim. D. Cather. Inf. Regr. L. 1. c. 14. Sá
de Mirand. Obr. canç. 1. est. 9. Fr. Heit.
Pint. Imag. Part. 1. dial. 2. c. 4.

Mappa. Fr. Heit. Pint. Imag. Part. 2. dial.
1. c. 14.

Planeta. D. Cather. Inf. Regr. L. 2. c. 10.
Sabellic. Eneid. Part. 2. c. 2. p. 29. Gil
Vic. Obr. L. 4. f. 238.

Synodo. D. Fr. Amad. Arraiz, Dial, 10. c.
52.

Nomes, que com autoridade dos Classicos
Portuguezes se poderão ainda hoje usar
em ambos os generos.

Catastrophe, masc. Vieir. Serm. t. 1. col.
121. – t. 6. p. 75., e constantemente assim
em outros lugares. Hoje se usa quasi
sempre no gen. fem.316

Diadema, masc. D. Fr. Amad. Arraiz, Dial.
7. c. 14. Castr. Ulyss, cant. 4. est. 14.
fem. Fr. Heit. Pint. Imag. Part. 1. dial.
5. c. 5. Sous. Vid. L. 6. c. 11. Vieir.
Serm. t. 10. p. 500.

Fantasma, masc. D. Fr. Amad. Arraiz, Dial.
7. c. 7. Lucen. Vid. l. 10. c. 2. Vieir.
Serm. t. 3. p. 531. fem. Cort. Real,
Naufr. cant. 11. Brit. Chr. L. 3. c. 24.
Sous. Hist. part. 1. l. 5. c. 3.

Metamorphose, masc. Barr. Decad. 1. l. 9.
c. 3. Eufros. act. 1. sc. 1. f. 17. fem. Lucen.
Vid. L. 2. c. 12. f. 105. Vieir. Serm.
t. 11. p. 167.

Personagem, masc. Ferreir. de Vasc. Aulegr.
cct. 3. sc. 1. f. 85. D. Fr. Amad. Arraiz,
Dial. 10. c. 45. Lob. Cort. na Ald. dial.
4. f. 41. fem. Ferreir. de Vasc. Aulegr.
act. 1. sc. 8. Ribeir. de Maced. Obr. t.
2. p. 119. Vieir. Serm. t. 5. p. 226.

Scisma, masc. Paiv. Serm. part. 3. f. 256.
Ribeir. de Maced. Obr. t. 1. p. 168. fem.
Barreir. Chorogr. f. 175. Brit. Chron. l.
2. c. 7. Sous. Hist. part. 1. l. 4. 23.

Torrente, masc. Vieir. Serm. t. 5. p. 16. fem.
D. Franc. Man. Epanaf. 1. f. 22.

Tribu, masc. Ferreir. Poem. Eleg. 9. Paiv.
Serm. part. 1. f. 158. D. Fr. Amad. Arraiz,
Dial. 3. c. 4. fem. Cam. Lusiad.
cant. 3. est. 140. Lucen. Vid. l. 5. c. 21.
Leão, Chron. de D. Aff. Henr. f. 47.317

Nota III.
Pag. 17.

“Advirto que esta palavra dom, quando
he prenome de nobreza, faz-se no plural
dõos ; e quando significa beneficio, ou
doação, faz no plural dões : o primeiro
vem de dominus ; o segundo de donum.
Polo que se não confundão os pluraes,
que são differentes dithongos” Alv. Ferreir.
de Véra, Orthogr. f. 26. A respeito
do plural dões no sobredto sentido, não ha
dúvida haver-se antigamente usado sempre
desta maneira. Cam. Lusiad. cant. 5. est. 95.
delle faz consoante com Scipiões, e oppressões ;
Ferreir. Poem. ecl. 1. com Tritões,
e em outro lugar, Hist. de Santa Comba,
com corações, e Leões ; Bernard. Lim. ao
Bom Jes. Com afflicções. Hoje porém o uso
mais commum he dizer-se dons, tanto pela
analogia com os demais nomes, que tem
singular em om, como porque assim pronuncião,
e escrevem pessoas, que bem fallão
a nossa lingoa. O P. Vieira usa de ambas
as terminações.318

Nota IV.
Pag. 17.

Alguns dos nomes, que agora acabão
em es, e antigamente em ez no singular,
ainda em AA. muito elegantes se achão com
terminação em ezes no plural, assim como :
Alferezes. Cam. Lusiad. cant. 4. est. 27.
Sous. Vid. l. 6. c. 13. Pint. Ribeir. Relaç.
2. num. 8., e 11. Arraezes. Leão, Chron.
de D. Fern. F. 208. Caezes. Barr. Decad. 4.
l. 4. c. 8. Ourivezes. Resend. Miscellan p.
164. Barr. Decad. 4. l. 9. c. 5. A simples,
ou (segundo a velha lingoagem) simplez, já
antigamente se dava o plural simprezes. D.
Cather. Inf. Regr. l. 1. c. 21. D. Fr. Br.
de Barr. Espelh. 1. 3. c. 5. f. 73.

Nota V.
Pag. 19.

“Verdade he que bem posso dizer : eu
andei muitas terras, e nunca vi tão boa
fruta, como a do termo de Lisboa
. Aqui
neste modo, e em outros não tomamos
as terras per o elemento da terra, mas per
a diversidade das provincias della. Dizemos
tambem per esta maneira : as agoas
d’antre Douro, e Minho são mui delgadas,
319e os ares de lá são mui sadios ; e
he terra tão povoada, que dizem haver
nella mais de setenta mil
fogos. E neste
exemplo tomamos as agoas, e ares como
partes do todo, e os fogos por os
moradores.” Barr. Gramm. p. 95. Da
mesma sorte, quando se diz novos mundos
(Cam. Lusiad. cant. 2. est. 45.) soes da
campanha, (Vieir. Serm. t. 1. col. 536.)
Luas cheias, ou vazias (Bernard. Lim, ecl.
11.) o plural mundos significa varios paizes,
ou regiões incognitas ; soes tomão-se
pelos seus effeitos ; Luas, por lunações, e
semelhantemente quaesquer outros de igual
natureza. Aos nomes proprios de pessoas
tambem se dá plural, quando, ou se tomão
em significado commum, ou denotão o conjuncto
dos que tem os ditos nomes. Em significado
commum se tomará o plural Scipiões,
entendendo-se por elle quaesquer pessoas
de relevante merecimento, a dizer-se
por exemplo : A natureza nunca foi avara
em criar grandes talentos : mas falta
muitas vezes quem os entenda : e esta he a
causa de morrerem inda hoje Scipiões polas
estalagens
. Sous. l. 2. c. 33.

No mesmo sentido se serve de varios
nomes proprios, outro grande Escritor, quando
diz : Dai me hum Rei brando, affavel, e prudente
dar-vos-hei andar rodeado de
Catões, Fabricios, Scipiões, Pompeos, Ciceros,
Senecas, e Platões. Paiv. Serm. part.
3. f. 271.320

Denota-se o conjuncto de pessoas de
hum mesmo nome, dizendo-se por exemplo :
O quarto, e quinto Affonsos. Cam.
Lusiad. cant. 1. est. 13.

Os nomes de Regiões, Reinos, e Provincias,
tomão plural se necessitão distinguir-se,
donde vem dizer-se : Indias de Hespanha,
as duas Americas, Rei das Hespanhas,
ou das duas Sicilias, Reino dos Algarves,
as Andaluzias
. Deste modo se distinguem
as Indias de Hespanha da India
Oriental, as Americas em septentrional, e
meridional, as Hespanhas, e Sicilias em citerior,
e ulterior, Algarves nas terras d’aquém,
e d’além mar, e Andaluzias em alta, e baixa.
“He pois de saber que o Reino dos
Algarves da meneira que antigamente andavão
unidos em hum só senhorio, era
mui grande estado, e comprehendia muitas
terras de Africa, e Hespanha.” Fr.
Anton. Brand. Mon. Lusit. part. 4. l. 15.
c. 7. Veja-se Leão, Chron. de D. Affons.
III. f. 103.

Os nomes proprios das Cidades, Villas,
e outras quaesquer povoações não tem plural
na significação ; porém muitos, assim
estranhos, como nossos o tem na terminação.
Do nossos bastem para exemplo os seguintes.
Abrantes, Alasões, Alagoas, Alcacevas,
Alhos vedros, Arraiolos, Arronches,
Barcellos, Caldas, Chaves, Elvas,
Guimarães, Lagos, Linhares, Monsarás,
321Obidos, Oeyras, Póvos, Recardẽs, Santos,
Silves, Torres-novas, Torres-vedras,
Veiros, Vendas-novas, Vinhaes
, &c. Estes
nomes, e os demais de igual terminação,
todos são do singular, como : a Athenas
Conimbricense, a fresca Abrantes (Cam.
Lusiad. cant. 4. est. 23.) a forte Arronches
(Id. ibid. cant. 3. est. 55.) &c. Athenas no
plural se bem não tenha por si o consenso
dos nossos Classicos, não carece todavia
da autoridade de alguns entre elles de
distinto merecimento, vem a ser D. Fr.
Amador Arraiz, Dial. 3. c. 29. Doutas Athenas.
– dial. 4. c. 23. As clarissimas Athenas
inventoras, e criadoras de artes excellentes.
Ferreir. Poem. l. 1. cart. 9. – l. 2. cart. 4.
Fr. Luiz de Sousa, Hist. part. 3. l. 3. c. 20.
tambem diz : As Alcacevas he huma boa
Villa a cinco legoas d’Evora
.

Nota VI.
Pag. 22.

Manoel Severim de Faria nos seus Discursos
varios Politicos
, discurs. II. faz menção
de quatorze vocabulos nossos, que se
derivão da palavra pedra, convem a saber :
pedreiro, pedreira, pedraria, pedral, pedrado,
empedrar, desempedrar, apedrejar,
pedrada, pedroso, pedregoso, pedranceira,
pedronço, pedregulho
. A estes podem ainda
322accrescentar-se ; apedrado, Cancion. f. 7.
col. 3. Barr. Decad. c. l. 2. c. 3. pedregal,
s. m. Lob. Ecl. 4. f. 49. empedernecer,
neutr. D. Fr. Amad. Arraiz, Dial. 5. c. 6.
empedernecer-se. Paiv. Serm. part. 1. f. 176.,
e f. 262. empedernido. Cam. Rim. od. 3.
est. 14. D. Fr. Amad. Arraiz., Dial. 3. c.
24., e talvez outros. veja-se Duarte Nunes
do Leão, Orthogr. f. 39., e Orig. c. 20.

Nota VII.
Pag. 24.

No mesmo sentido a fim de honrar na
ausencia hum vassallo benemerito, e de provado
valor, empregou o aumentativo de
Gonçalo, hum dos nossos Reis, cujo nome
excelso não póde proferir-se sem algum
dos adjuntos gloriosos,que por suas muitas,
e soberanas virtudes lhe convém. Pelo que
com as palavras do insigne Poeta, Antonio
Ferreira, Poem. ecl. 1. se nos permitta nomealo,
Rei santo

Do mundo amor, e espanto, João segundo.

O successo referido por Garcia de Resende,
Chron. c. 193. passou da maneira
seguinte. “Gonçalo D’afonseca, homem fidalgo,
e mui bom cavalleiro, era pequeno
de corpo, e elRei o favorecia, e lhe
fazia honra, e mercê, e hum dia estando
323em pratica com certos Senhores, e
fidalgos, vierão a fallar nelle, e o Commendador
mór D. Pedro da Silva disse :
Gonçalinho D’afonseca, e elRei lhe disse
logo : Gonçalinho lhe chamais, não
sei se vos tomardes com elle, Gonçalão
vos parecerá.”

Nota VIII.
Pag. 25.

Garcia de Resende, Miscellan. f. 163.
col. 3. por diminutivos dá bem a conhecer
o desprezo, em que tinha a novidade dos
ridiculos trajos, e usos, que em seus tempos
prevalecia, dizendo :

Agora vemos capinhas,
Muito curtos pellotinhos,
Golpinhos, e çapatinhos,
Fundas pequenas, mulinhas,
Giboeszinhos, barretinhos,
Estreitas cabeçadinhas,
Pequenas nominaszinhas,
Estreitinhas guarnições,
E muitas más invenções,
Pois que tudo são cousinhas.

Quanto para exprimir carinho, e ternura
prestem os diminutivos, observou judiciosamente
Manoel de Faria e Sousa sobre
dous lugares de Camões. O primeiro Lusiad.
cant. 3. est. 127.324

A estas criancinhas tem respeito.

“Note-se (diz o Commendador 1. 2.
col. 190.) como ablandó el estilo, para
ablandar la ira en el Rei, i cõmover a
piedad los circunstantes : golpe natural de
muger, i de madre, con lastimoso afecto :
añadiendo al diminutivo de criancillas :
aquel, estas, con que felizmente
hizo la imagen de la acion de mostralas
con los ojos, ya que no podia con las
manos.” O segundo lugar do Poeta, he
tambem da Lusiad. cant. 4. est. 28.

Aos peitos os filhinhos apertárão.

O referido Commendador, t. 3. col.
287. adverte o seguinte. “Ciertos tõtillos
dicen, que el P. anduvo baxo en dizer
hijos, cõ aquel diminutivo ; aviendolo
hecho el cõ tãto cuydado, que solo cõ
esso quiso superar a todos los imitados :
porque nũca son más tiernamente hijos
los hijos a las madres, que en el peligro ;
i essa ternura solo un diminutivo
dulcissimo, como este, la exprime.”

Nota IX.
Pag. 36.

Os adverbios muito, e tão se ajuntavão
antigamente aos superlativos. De João de
325Barros, se citão alguns exemplos. Muito.
Decad. 1. l. 1. c. 3. – 1, 9, 3. – 3, 2, 5.- 3, 4, 1.
Tão. Decad. 1. l. 1. c. 2. – 2, 4, 4. – 2, 5, 1. Este
uso praticárão antes de Barros bons AA. e depois
delle foi ainda seguido huma, ou outra
vez por alguns dos nossos Classicos.
Antes de Barros bastem para certeza disto
(por motivo da brevidade) os dous AA.
seguintes. Resend. Chron. de D. João II.
c. 27. Mui riquissima pedraria. C. 131. Tão
grandissima tristeza. O mesmo, Ida da Infante,
f. 145. col. 1. O muito Reverendissimo
Senhor D. Martinho da Costa. – f. 146.
col. 1. E o mui Reverendissimo, e muito
excellente Senhor Cardeal D. Affonso. – ibid.
Todos mui riquissimamente vestidos. D. Fr.
Braz de Barros, Espelh. l. 3. c. 10. f. 87.
Mui santissimo. – ibid. f. 88. Tão profundissimo.
– l. 4. c. 1. f. 175. Tão vilissimo.

Depois de Barros bastem tambem pelo
referido motivo as seguintes autoridades.

Diogo Fernandez, Palmeir. part. 3. c.
50. Huma mui fermosissima Dama. – part.
3. c. 62. f. 125. col.1. Tão velocissimo.

Antonio Pinto Pereira, Hist. da Ind.
l. 1. c. 12. p. 51. Lhe respondêrão com muita
grandissima
soberba. – l. 2. c. 6. f. 17.
Nação tão bellicosissima que &c.

Diogo de Paiva d’Andrade, Serm. part.
3. f. 253. Mui justissimamente.

O P. João de Lucena, Vid. l. 5. c. 20. f.
350. Sendo elle hum tão grandissimo peccador.326

Este uso porém com justa causa se abolio,
e hoje se acha de todo antiquado.

Os nossos Escritores, que primeiro tentárão
polir, ou (para melhor dizer) desbaratar
a rudeza da velha lingoagem, algumas
vezes supprírão a falta, que então havia de
superlativos de huma só forma, antepondo
o adverbio mui ao adjectivo muito. Fern.
Lop. Chron. de D. João I. part. 1. c. 115.
p. 199. Gente de pé mui muita sem conto.
D. Fr. Br. de Barr. Espelh. l. 3. c. 5. f. 74.
E este he o caminho mui muito breve pera
chegar á perfeição.

Nota X.
Pag. 42.

O Pronome elle, além de se ajuntar frequentemente
aos nomes, ou para mais clareza
do sentido, ou por mera elegancia, e
propriedade da nossa lingoa ; tambem ás vezes,
ainda que pareça desnecessario, não
deixa por isso de ter lugar na oração. Exemplos :
Barr. Decad. 1. l. 10. c. 2. Tem o
ouro tal calidade, que como he posto sobre
a terra, elle se vai denunciando de huns
em outros, té que o vem buscar ao lugar
do seu nacimento
.

Sous. Vid. l. 1. c. 8. Quando Deos escolhe
huma pessoa para algum cargo elle se
obriga ao sustentar
.327

Vieir. Serm. t. 1. col. 769. Contra o
odio, e inveja não lhe val sagrado á innocencia
.

Id. ibid. t. 3. p. 123. Ella he intoleravel
cegueira do entendimento… que aquillo,
que se não devia escrever, se haja de
sustentar, só porque se escreveo
.

Id. ibid. t. 15. p. 178. Assim lhe aconteceo
ao nosso Infante, que não socegou o
medo de seus inimigos, até que o passou
do carcere á sepultura
.

Nota XI.
Pag. 66.

Foi antigamente elegancia muito praticada
na nossa lingoagem supprimir-se por
ellipsis o pronome alguns antes do relativo
elles. Os exemplos seguintes sejão por ora
bastantes a mostralo. Resend. Chron. de D.
João II. c. 27. E andando assi em busca
dos ditos papeis, topou com algumas cartas,
e estruções de Castella, e pera os Reis
de Castella, dellas proprias, e outras emendas
corregidas, e emendadas da letra do mesmo
Duque. Bernard. Ribeir. Ecl. 1. Perdidas,
e tracilhadas As tuas ovelhas vejo,
Dellas morrem de cansadas, E tu tens morto
o desejo D’acudires ás coitadas. Mor. Palmeir.
part. 2. c. 119. Corria-lhe hum tanque
d’agoa pela porta, de que se regava
328hum jardim povoado de muitas arvores,
dellas pera fruita, outras pera sombra.

A’s vezes se calava tambem o pronome
outros, que no membro subsequente da
frase, corresponde a huns, ou a alguns. Exemplos :
Gil Vicent. Obr. l. 3. f. 183. Todalas
cousas criadas Tem seu fim determinado,
Dellas per tempo alongado, Dellas
mais abbreviadas, Dellas per curso meado.
Mor. Palmeir. part. 2. c. 117. Com tudo,
como suas forças, e destreza fosse differente
da de seus contrarios, começárão enfraquecer
huns, e cair outros ; delles pela falta
do sangue que lhe sahia, delles pela desconfiança,
e temor, que tinhão de ver a
valentia, e viveza de seus imigos. Sá de
Mirand. Obr. ecl. 8. est. 68. Cobre-se logo
de estrellas Tudo quanto delle (Ceo) vemos,
Nacem dellas, põr-se dellas, Olhamos,
mas que entendemos, Nem da Lua,
que está entr’ellas ? Cort. Real, Cerc. de
Diu, cant. 10. Com cólera mil corpos derrubando,
Delles mortos, e delles mal feridos.

Nota XII.
Pag. 150.

Eu dixe, tu dixeste, &c. e da mesma
sorte os tempos, que deste preterito se formão,
assim se achão escritos por muitos
dos nossos Antigos, e constantemente por
329Duarte Nunes do Leão. Porém João de Barros
conta esta forma de dizer entre as figuras,
e vicios, que assim na falta, como na
escritura commettemos, e lhe dá o nome
de Antithesis, “que quer dizer (eis-aqui as
suas palavras, Grammat. p. 165.) postura
de letra huma por outra ; como quando
dizem dixe por disse. A qual figura
he ácerca de nós mui usada, principalmente
nesta letra x, que tomámos da pronunciação
mourisca, ainda que alguns digão
que devemos dizer dixe, porque no
preterito Latino este verbo dico, faz, dixi
Francisco Rodriguez Lobo, Cort. na
Ald. dial. 9. f. 82. reprova dixe, como voz
antiga, e em seu tempo fóra de uso. Este
todavia a ficou sempre conservando na locução
plebea, dixeme, dixeme. Eufros. act.
2. sc. 3. f. 58.

Nota XIII.
Pag. 165.

Sirvão para confirmar a conjugação dos
verbos Despedir, e Impedir as seguintes
autoridades. Eu despido, ou me despido.
Fr. Heit. Pint. Imag. Part. 2. dial. 3. c. 6.
Por isso daqui te despido, vai-te muito embora.
Benard. Lim. ecl. 12. E co’isso por
ora me despido. Orient. Lusit. l. 1. pros. 5.
f. 36. Do descanço chorando me despido.
330Lob. Primav. florest. 11. f. 60. De vós,
serenas agoas, me despido. Vieir. Serm. t. 2.
p. 343. Com esta advertencia vos despido,
ou me despido de vós, meus Peixes. Id.
ibid. t. 10. p. 273. Desde esta hora me despido
deste nome. Leão, Orthogr. f. 40. põe
no número das palavras, que a gente vulgar
usa, e escreve mal despeço-me por despido-me.

Elle impide. Mor. Palmeir. part. 2. c. 161.

Elles impidão. Paiv. Serm. part. 2. p. 184.

Imperat. Despide tu. Ferreir. Castr. act. 4.
f. 227.

Despida elle. Vieir. Serm. 1. 2. p. 116.

Despidase elle. Vieir. Cart. t. 1. cart. 2.

Conjunct. Eu despida. Lob. Primav. florest.
6. f. 143.

Tu impidas. Mor. Palmeir. part. 2. c. 159.
Br. Chron. l. 6. c. 21. Cam. Lusiad.
cant. 8. est. 75.

Elle despida. Bernard. Flor do Lim. son.
12. Vieir. Serm. t. 2. p. 116.

Elle impida. Cam. Lusiad. cant. 9. est. 8.
Rim. centur. 1. son. 61. Castr. Ulyss.
cant. 4. est. 115. Vieir. Serm. t. 3. p.
394.

Elles despidão. Paiv. Serm. part. 1. f. 24.

Elles impidão. Castr. Ulyss. cant. 5. est.
71. Vieir. Serm. t. 3. p. 354.331

Nota XIV.
Pag. 166.

A Irregularidade dos verbos, que tem e
antes das radicaes g, p, r, t, v, nem sempre
se acha observada por alguns dos nossos
bons AA. Destes poremos aqui poucos
exemplos para que não fação estranheza a
quando se encontrarem, semelhantes excepções.

Elles advirtem. Ferre. de Vasc. Aulegr. act.
4. sc. 2. f. 124. D. Fr. Amad. Arraiz,
Dial. 2. c. 17.

Advirte tu. imperat. Pereir. Elegiad. cant.
13. t. 190.

Elle compite. Erfros. act. sc. 2. – act. 3.
sc. 10.

Elle consinte. Lob. Desengan. discurs. 12. f. 79.

Elles consintem. Leão, Orig. c. 26.

Mentir. Leão, Orthogr. f. 57. E (diremos)
de mento, mentes, mentira : posto que
tambem digamos, minto, e mintes.

Elle minte. D. Cather. Inf. Regr. l. 2. c.
4. Mor. Palmeir. part. 2. c. 96.

Tu persigues. Fernand. Palmeir. part. 3. c.
84.

Elle prosigue. Cor. Real, Cerc. de Diu,
cant. 21. Castr. Ulyss. cant. 3. est. 1.
Eu sento. Barr. Grammat. p. 143. põe por
332ex. da conjug. regular de sentir, eu sento.
Eufros. act. 3. sc. 2. Bernard. Ribeir.
Ecl. 2. Cam. Rim. centur. 1. son. 17.
Faria, Comment. t. 1. p. 49. col. 2. cita
outros cinso lugares do Poeta, nos quaes
se encontra pela mesma forma, e faz a
este respeito a observação seguinte “Aqui
fue usado por acudir al consoante, pues
vemos que sinto, y no sento dize el
P. en otras ocasiones. Mas es necessario
saber que el Portugues antiguo dezia
sento por sinto, como lo dize el
Italiano oy : y assi es uso aunque olvidado,
y no solamente licencia.”

Elle sinte. Mor. Palmeir. part. 2. c. 109.
Barreir. Censur. de Cat. Leão, Orthogr.
f. 14.

Elles sintem. Eufros. act. 1. sc. 1. Pint. Pereir.
Hist. da Ind. l. 2. c. 30. f. 82. Leão,
Orthogr. F. 15.

Sentão elles. Imperat. D. Cather. Inf. Regr.
l. 1. c. 14.

Eu senta. Conjunct. Bernard. Ribeir. Ec. 5.

Elle senta. Barr. Cartinh. P. 53. Sa de Mirand.
Obr. cart. 6. Orient. Lusit. l. 2.
pros. 12. f. 194.

Sigue tu. imperat. Ferreir. Castr. act. 1.
Cort. Real, Naufr. cant. 12. Vieir. Serm.
t. 4. p. 165.

Sirve tu. imperat. Eufros. act. 1. sc. 1.333

Nota XV.
Pag. 167.

Os verbos, em que o u precede ás radicaes
b, d, g, l, m, p, ss, st, ou o
mesmo u he a radical, soffrem na irregularidade,
que se lhes assigna, algumas excepções.
Achão-se estas nos nossos mais elegantes
AA. segundo mostrão os seguintes
exemplos :

Elle acude. Resend. Miscellan. f. 160. col.
1. Barr. Decad. 2. l. 2. c. 5.

Acude tu. imperat. Cam. Lusiad. cant. 3.
est. 105. – Rim. od. 4. est. 11.

Elles construem. Vieir. Serm. t. 10. p. 91.

Tu consumes. Cam. Rim. canç. 10. est. 9.

Elle consume. Cam. Lusiad. cant. 5. est. 2. –
cant. 9. est. 31. Vieir. Serm. t. 4. p. 154.

Elles consumen. D. Cather. Inf. Regr. l. 2.
c. 10. D. Fr. Amad. Arraiz, Dial, 1. c. 12.

Tu destrues. Ferreir. Castr. act. 4.

Elle destrue. Cam. Rim. canç. 1. est. 4.
Sous. Hist. part. 2. l. g. c. 5. Vieir. Serm.
t. 4. p. 420.

Destrue tu. imperat. Ferreir. Poem. l. 1.
cart. 1.

Elle fuge. Ferreir. Poem. l. 1. od. 5.

Fuge tu. imperat. Cam. Lusiad. cant. 2. est.
61. Ferreir. Poem. l. 1. cart. 11.Vieir.
Serm. t. 4. p. 228.334

Sacude tu, imperat. D. Cather. Inf. Regr.
l. 1. c. 14.

Sube tu, imperat. Eufros. act. 2. sc. 2. Cort.
Real Cerc. de Diu, cant. 13.

Nota XVI.
Pag. 168.

Os verbos, que com u antes do z tem
hoje a conjugação irregular, que fica declarada,
nem sempre a tem assim em alguns
dos nossos Classicos, como se vê nos seguintes :

Elle induze. D. Fr. Br. de Barr. Espelh. l.
3. c. 37. Cort. Real, Naufr. cant. 3.

Elle luze. D. Cather. Inf. Regr. l. 1. c. 18.
Barr. Cartinh. p. 50. D. Fr. Amad. Arraiz,
Dial. 8. c. 22.

Elle produze. Cam. Rim. centur. 1. son. 28.
Pereir. Elegiad. Cant. 1. f. 138. D. Fr.
Amad. Arraiz, Dial. 1. c. 22.

Elle reduze. D. Fr. Amad. Arraiz, Dial. 2.
c. 7.

Elle reluze. Cam. Lusiad. cant. 2. est. 95.
– cant. 9. est. 61. Cort. Real, Cerc. de
Diu, cant. 17.

Elle traduze. D. Fr. Amad. Arraiz, Dial.
6. c. 7.335

Nota XVII.
Pag. 181.

Dos participios activos, usados não só
antigamente, mas ainda mesmo na idade
mais culta da nossa lingoagem pelos seus
mais polidos Escritores, apontaremos aqui
alguns para que se advirta a pouca razão,
com que muitos delles se achão hoje postos
em esquecimento.

Acabante. V. Christ. L. 3. c. 3. f. 7.

Attrahente. D. Fr. Br. de Barr. Espelh. l.
3. c. 5.

Boiante. Paiv. Serm. p. 3. f. 89.

Cantante. Pereir. Elegiad. Cant. 4. f. 53.

Carecente. Sous. Vid. l. 1. c. 1.

Causante. D. Fr. Br. de Barr. Espelh. l. 3.
c. 25.

Commungante. Vieir. Serm. t. 7. p. 104.

Confiante. D. Cather. Inf. Regr. l. 2. c. 12.

Conhecente. Barr. Decad. 1. l. 4. c. 8.

Contemplante. D. Fr. Br. de Barr. Espelh.
l. 3. c. 15.

Conversante. D. Cather. Inf. Regr. l. 1. c. 22.

Cortante. D. Cather. Inf. Regr. l. 2. c. 16.

Depositante. D. Fr. Amad. Arraiz, Dial. 8.
c. 9.

Disputante. Lucen. Vid. l. 10. c. 8.

Dorminte. D. Cather. Inf. Regr. l. 2. c. 18.

Doutrinante. Sous. l. Vid. 1. c. 18.336

Estante. D. Cather. Inf. Regr. l. 2. c. 8.
Barr. Decad. 1. l. 5. c. 6.

Excedente. D. Fr. Br. de Barr. Espelh. l. 4.
c. 1.

Fallante. D. Fr. Br. de Barr. Espelh. l. 1.
c. 6. Sá de Mirand. Obr. ecl. 8. est. 73.

Folgante. D. Cather. Inf. Regr. l. 2. c. 11.

Forçante. D. Cather. Inf, Regr. l. 2. c. 16.
D. Fr. Br. de Barr. Espelh. l. 3. c. 5.

Imitante. Cam. Lusiad. cant. 10. est. 102.

Ladrante. Cort. Real, Naufr. cant. 9.

Manante. Vieir. Serm. 1. 3. p. 336.

Mordente. Sous. Vid. l. 4. c. 11.

Murmurante. Orient. Lusit. l. 1. pres. 6.
f. 45.

Nadante. Cam. Lusiad. cant. 4. est. 9. Vieir.
Serm. t. 2. p. 139.

Obrante. D. Cather. Inf. Regr. l. 2. c. 11.

Pleiteante. Vieir. Serm. 1. 7. p. 162.

Prazente. D. Cather. Inf. Regr. l. 1. c. 11.
D. Fr. Br. De Barr. Espelh. l. 3. c. 25.

Rapante. Vieir. Serm. t. 3. p. 336.

Respirante. Cort. Real, Naufr. cant. 10.

Respondente. Paiv. Serm. part. 2. f. 8.

Rompente. Brit. Chron. l. 4. c. 22. Cam. Lusiad.
cant. 10. est. 147.

Sacrasitante. Vieir. Serm. t. 7. p. 247.

Servinte. D. Cather. Inf. Regr. l. 2. c. 18.

Significante. Tavor. Hist. dos Var. Illustr. p.
172.

Soante. Cam. Lusiad. cant. 5. est. 19. Pint.
Pereir. Hist. da Ind. l. 2. c. 31. f. 83.337

Tremente. Vieir. Serm. t. 2. p. 321.

Vagante. Cam. Rim. oit. 2. est. 2.

Vente. D. Cather. Inf. Regr. l. 1. c. 24. Ferreir.
de Vasc. Aulegr. prol.

Vigiante. D. Cather. Inf. Regr. l. 1. c. 14.
Lob. Past. Peregr. l. 2. jorn. 7.

Voante. Bernard. Lim. cart. 26.

Zelante. Vieir. Serm. t. 12. p.352.

Nota XVIII.
Pag. 245.

O Pronome lhe em todos os bons Escritores
da nossa lingoa, se acha frequentemente
referido ao plural, e isto tanto no
verso, como na prosa. No verso ás vezes
em razão da synalefa, que assim se faz com
a vogal, porque começa a voz subsequente.
Outras vezes sem este motivo, pois que se
lhe segue consoante, e póde ser que por
isso mesmo (assim como na prosa) para se
abrandar deste modo a aspereza da pronunciação,
que causaria a collisão das duas consoantes.
Visto que os exemplos se encontrão
a cada passo, não poremos aqui mais
que os dous seguintes :

Todos nossos desejos, confianças
Mais certas sempre estão em nos mentir,
Que áquelle fim chegar, que lhe esperamos,
Que lá de cima só lhes póde vir.

338Ferreir. Poem. l. 1. cart. 7.

Quantos grandes ha neste mundo, que não
sabem ser o que são ? Depois de lhe dar o
que lhe deo, parece que se arrependeo a fortuna
do que lhe tinha dado.

Vieir. Serm. 1. 7. p. 228.

Nota XIX.
Pag. 294.

Da Syllepsis se põe neste lugar alguns
outros exemplos para sua melhor illustração.

Syllepsis do genero. Resend. Chron. de
D. João II. c. 127. E detrás dos cadafalsos
vinhão muitas charamelas, e sacabuxas
ricamente vestidos. Bernard. Ribeir. Menin.
l. 1. c. 1. Para huma só pessoa podia elle
(livro) ser, mas desta não soube eu mais
parte, depois que as suas desditas, e as minhas
o levárão para longes terras estranhas :
onde bem sei eu, que vivo, ou morto o
possue a terra sem prazer nenhum. Barr.
Decad. 1. l. 1. c. 1. Entre os quaes foi huma
pessoa chamado
Bertholomeu Perestrello.
Paiv. Serm. part. 2. f. 63. Não ha cousa
mais certa, que comerem-se as pessoas,
quando se vêm enganados das esperanças,
que tinhão. Sá de Mirand. Ecl. 4. Passou,
ora qual dia, huma çamphonina, Pola aldêa
cantando, elle era cego, Guiava-o loura,
e branca huma menina.339

Syllepsis do número. Resend. Chron. de
D. João II. Treslad. f. 131. col. 4. Toda
esta Clerisia tinhão tochas accesas nas mãos.
– ibid. Id. da Inf. f. 149. col. 1. O mar
era cheio de bateis mui ataviados, assi os
da armada, como outros de gente, que hião
ver. Barr. Decad. 2. l. 3. c. 1. Dizendo que
contra o nascimento do Sol havia gente branca,
que navegavão em náos como aquellas.
Mor. Palmeir. part. 1. c. 33. Não he pouco
de estimar as conversações virtuosas, e de
homens sabios, pois ellas, e companhias
singulares fazem claros, e virtuosos quem
as usa. Cam. Lusiad. cant. 1. est. 38. Se
esta gente, que… Não queres, que padeção
vituperio. – cant. 3. est. 82. Logo todo
o restante
se partio De Lusitania postos em
fugida. – cant. 9. est. 88. Assi a fermosa,
e forte companhia, O dia quasi todo estão
passando Nũa alma, doce, incognita alegria.
Ferreir. Poem. l. 1. cart. 5. Despreza
a cega gente só engenhosa Em seguirẽ seu
mal.

Fernand. Palmeir. part. 3. c. 10. Huma
grande multidão de inimigos tinhão
tomados em meio a Recindos, e Primalião.
– ibid. part. 3. c. 44. Posto que hum contra
o outro com as lanças baixas vierão a
encontrar-se. Pint. Pereir. Hist. da Ind. l. 2.
c. 43. f. 125. Se a gente, de que sahião
taes obras não fora de nação Portuguez, t
ão gulosa de perigos, que se não contentão
340dos que podem correr com alguma obrigação,
senão de os buscarem sem ella. Brit.
Chron. l. 5. c. 6. Vivia cada hum (dos
Ermitães) em sua cella, feitas de pedra secca,
e cobertas com ramos de arvores. – ibid.
l. 6. c. 20. Lhe deo entre outras cousas a
cada hum seu cilicio tecidos por suas mãos.
Orient. Lusit. l. 3. pros. 7. f. 239. E encaminhemos
tambem o gado, que balando
ao redor de nós, parece que condenão
nosso descuido.

E com mais licença do que permitte a
prosa, Cort. Real, Naufr. cant. 8.

No batel vistes já quasi alagados
Este bom capitão com quanta gente,
Naquella embarcação primeiro vinha.

Syllepsis do genero, e do numero. Paiv.
Serm. part. 1. f. 258. Hum dos grandes
enganos, que ha na terra, he cuidar a gente,
que deseja salvar-se, estando casados
com as cousas, que impedem, e estorvão
essa mesma salvação. Cam. Lusiad. c. 7. est.
41. Ditosa condição, ditosa gente, Que não
são de ciumes offendidos. Ferreir. Poem. l.
1. cart. 8. De quem m’isto apontar, irei
pendendo, Ou me louve, ou reprenda : gente
cega, Nem os estimo, nem me vão movendo.
Vieir. Serm. t. 2. p. 430. A cuja
vista (do supremo, e universal Juiz, Christo
Jesu) se abaterão prostrados com grandissimo
341acatamento toda a multidão immensa
do genero humano resuscitado.

Nota XX.
Pag. 298.

Manoel de Faria, e Sousa, Comment.
á Lusiad. cant. 4. est. 23. tom. 2. col. 275.
estranha justamente o abuso, que já em seu
tempo prevalecia de trazer do Latim para o
Portuguez innumeraveis palavras. Eis aqui o
que elle diz : “quando el Poeta (Camões)
dezia armigeros de cien en cien planas,
le dezian que hablava Latin. Que le dixeran
se escriviera como oy, en que se
halla una palavra conocida de cien en c
ien planas ?”

Sobre a derivação de palavras da lingoa
Latina para a nossa estabelece João de
Barros a seguinte regra tão judiciosa, como
he de crer que a desse o mais seguro exemplar
da eloquencia Portugueza
. (1)1 No Dialogo
em louvor da nossa lingoagem assim
diz : “(Pai) Assi que podemos usar d’algũs
termos Latinos, que a orelha bem
receba, porque ella julga a lingoagem, e
musica, e he censor d’ambas ; e como os
consentir hum dia ficarão perpetuamente
(Filho) Poderão todos os que sabem Latim,
342tomar esta licença, pera derivar vocabulos
delle a nòs ? (Pai) Não são todos
pera isso licenciados, e os que o forem,
será em alguns vocabulos, que a natureza
da nossa lingoagem aceite… A mi
muito me contentão os tempos, que se
conformão com o Latim, dado que sejão
antigos ; cá destes nos devemos muito prezar,
quando não acharmos serem tão corruptos,
que este labéo lhe faça perder
sua autoridade. Não sómente os que achamos
per escrituras antigas, mas muitos,
que se usão antre Douro, e Minho, conservador
da semente Portugueza ; os quaes
alguns indoutos desprezão, por não saberem
a raiz donde nacem.” A este parecer
se conforma Francisco Rodriguez Lobo,
Cort. na Ald. dial. 3. f. 23. dizendo :
que se deve fugir ao termo exquisito,
de palavras alatinadas, ou acarretadas
de outras lingoas estranhas, que sempre
tem o valor da sua origem.”

A lingoa Portugueza sem embaraço de
se achar muito enriquecida de vozes, e frases
Latinas, com tudo pudera lograr muitos
maiores cabedaes deste genero, se a exemplo
de outras nações houvesse trasladado
em vulgar os autores Romanos. Porém a este
respeito houve sempre entre nós o mesmo
descuido, que ainda existe hoje em dia.
Este meio, a juizo de João de Barros,
Gramm. p. 224. juizo em tudo constantemente
343sólido, e neste ponto sobre maneira
attendivel, teria sido o mais proprio para
o sobredito fim. “Eu não fallo (diz elle)
em vocabulos (Latinos) de que Hespanha
tem tomado posse antigamente ; mas
agora em nossos tempos com ajuda da impressão
deo-se tanto a Gente Castelhana,
e Italiana, e Franceza ás tresladações Latinas,
usurpando vocabulos, que os fez
mais elegantes, do que forão ora ha cincoenta
annos. Este exercicio se o nós
usarámos, já tiveramos conquistada a lingoa
Latina, como temos Africa, e Asia ;
a conquista da qual nos mais demos que
ás tresladações Latinas.”

A ousadia de innovar vocabulos, trastrocar
locuções, e destruir em fim a propriedade,
força, e nativa graça da boa frase,
e pura lingoagem Portugueza, cada dia
mais temeraria, e inconsiderada, procede da
falsa opinião, em que alguns se achão de
ser a nossa lingoa pobre de palavras. Aos
que isto erradamente presumem (visto que
ella por tanto homens sabios tem sido assás
engrandecida com louvores, e por muitos
outros com summa elegancia se vê cultivada)
bastará por agora dizer-se o mesmo,
que hum dos nossos antigos Comicos (Eufros.
act. 3. sc. 2.) responde a quem se
atreveo a proferir, que “a lingoagem Portugueza
ha muito poucos, que a tratem.
Porque ha muito poucos (lhe torna elle)
344que a entendão : tudo se remata em lhe
pôr taixa nos vocabulos, e não saber a
ordem, e assento das clausulas, e he tão
sobejo o aguarentar que não lhe fica vestido.”
O P. Antonio Vieira, Serm. t. 14.
p. 291. pelo mesmo theor assegura que “só
mendigão vocabulos de outras lingoas os
que são pobres de cabedaes da nossa,
tão rica, e bem dotada, como filha primogenita
da Latina.”

E ainda com maior valentia de expressão
se declara a favor desta mesma verdade
Francisco Rodriguez Lobo, Cort. na Ald.
dial. 1. f.9. dizendo : “Huma cousa vos
confessarei eu, que os Portuguezes são
homens de ruim lingoa, e que tambem
o mostrão em dizerem mal da sua, que
assim na suavidade da pronunciação, como
na gravidade, e composição das palavras
he lingoa excellente. Mas ha alguns
nescios, que não basta qu a fallem mal,
senão que se querem mostrar discretos,
dizendo mal della : e o que me vinga de
sua ignorancia, he que elles acreditão a
sua opinião, e os que fallão bem desacreditão
a ella, e a elles… E para que
diga tudo, só hum mal tem, e he que
polo pouco que lhe querem seus naturaes,
a trazem mais remendade, que capa
de pedinte.” Em outro lugar da mesma
obra (dial. 9. f. 81.) do dito Rodriguez
Lobo se lê o seguinte “Muitos Letrados
345sei eu (disse Solino)… que fallão
huma lingoagem como Serêa, mulher
até os peitos, e ametade peixe, e são homens,
a que não escapa por nenhuma via
o verbo no cabo ; e sendo a nossa lingoagem
muito bom metal, lhe misturão
tanta liga, que perde muito de seus quilates.”

Finalmente por não omittir hum testemunho
sobre toda a exceição, e que se não
póde lançar de suspeito nesta materia, concluimos
com o de João de Barros, o qual
(Grammat. p. 222.) assim diz : “Certo a
quem não falecer materia, e engenho pera
demostrar sua tenção, em nossa lingoagem
não lhe falecerão vocabulos.”

He sabido que em qualquer lingoa,
quando se trata da innovação das palavras
como viciosa, nunca entrão nesta conta os
nomes, que se dão ás cousas descobertas de
novo, nem os termos facultativos ; por quanto
aquelles sendo de primeira necessidade se
fazem inevitaveis, e estoutros são commũs
a todos os idiomas.

Nota XXI.
Pag. 299.

No Cancioneiro Geral, impr. em 1516. s
e encontrão as palavras Francezas, afferes,
f. 82. col. 3., e argem, f. 158. col. 3. de
346que tambem usa Gil Vicente, Obr. l. 3. f.
170. Em Fr. Gonçalo da Silva, no livro
da vida… de S. Bernardo, novamente traduzido
da lingoa Franceza, &c. e impr. em
1544. se achão reprochar, l. 1. c. 10. – l.
4. c. 1. – l. 7. c. 53., e reproche, l. 1. c.
35. Sem embargo de huma tal antiguidade
o uso de oppôs constantemente a acceitação
das referidas palavras, e nunca ás naturalizou.
A mesma sorte coube tambem ás poucas,
que do Francez tomárão os dous Chronistas
Fernão Lopes, e Gomes Eannes de
Azurara. O primeiro na Chronica delRei D.
João I. (part. 2. c. 2. p. 7., e c. 150. p.
328. e 329.) diz sujeitos por vassallos, e
(p. 466.) ensembra por junto. Azurara
no prologo da terceira parte da dita Chronica,
p. 79. tambem diz todo possante Deos
por todo poderoso.

O immoderado, e extravagante uso de
vocabulos estrangeiros, pela maior parte
Francezes, que modernamente se tem introduzido
na nossa lingoa, nasce, ou da total
ignorancia dos principios de bem fallar,
ou do frivolo amor da novidade, que singulariza,
ou de ambas estas cousas juntas.
O muito douto, e elegante P. Manoel Bernardes,
da Congregação do Oratorio, Florest.
t. 4. tit. 16. p. 251. lhe dá por origem
o segundo dos referidos motivos. “Este
vicio (diz elle) da curiosidade, e affeição
a cousas novas passa tambem aos
347trages, aos edificios, aos comeres, aos
estylos, as leis, e até ás mesmas palavras.
Porque não faltão novelleiros, que
querem emendar, ou illustrar o idioma
commum, introduzindo palavras exoticas,
e temos, que lhe parecem mais elegantes,
sendo na verdade mais ridiculos.”
Antonio Prestes, antigo Comico Portuguez,
em hum dos seus Autos, impr. em 1587.
já nos argue em particular do sobredito defeito ;
pois que escarnecendo elle a introducção
de vozes estranhas Latinas, Italianas,
Castelhanas, e Francezas, conclue dizendo,
f. 14.

Fim de razões, anda tal
De tal craveiro,
Este Portuguez tinteiro,
Que estranho no natural,
Natural no estrangeiro.

Se este desenfreado excesso não tiver
algum limite, e continuar tão soltamente como
atéqui, he de temer que dentro de pouco
tempo venhamos os Portuguezes a não
nos entendermos huns aos outros. Pois quando
se lhe queira acudir, já então nem bastará
o arruamento dos letrados, que sollicitava
em seus dias Francisco Rodriguez Lobo,
nem o Vocabulario do Pulpito, que requeria
o P. Vieira. “Para bem, e conservação
da lingoa Portugueza (diz Lobo,
348Cort. na Ald. Dial. 16. f. 159.) e para
se não corromper de todo, me parecia
que se houverão de arruar os Letrados,
que receio, se se misturão, que em poucos
annos nos acharemos em huma Babylonia.”
O P. Viera, Serm. t.1 col.
43, assim exclama : “He possive, que
somos Portuguezes, e havemos de ouvir
hum prégador em Portuguez, e não havemos
de entender o que diz ? Assi como
há Lexicon para o Grego, e Calepino
para o Latim, assi he necessario haver
hum vocabulario do pulpito. Eu ao
menos o tomára para os nomes proprios ;
porque os cultos tem desbaptizados os
Santos, e cada Autor, que allêgão he hum
enigma.”

Por tanto convém muito ponderar o
que judiciosamente adverte o sobredito Rodriguez
Lobo, Cort. na Ald. dial. 9. f. 80.
“Fallar vulgarmente (assim diz) he qual
os melhores fallem, e todos entendão. Sem
vocabulos estrangeiros, nem exquisitos,
nem innovados, nem antigos, e desusados :
senão commũs, e corrente, sem
respeitar origens, derivações, nem etymologias,
que a lingoagem mais pende do
uso, que da razão, e por isso se chama
lingoa materna, porque nas mulheres, que
menos sahem da patria, se corrompe menos
o uso de fallar commum, posto que
elllas saibão pouco da razão de seus principios.”349

Huma reflexão assás ponderosa de Manoel
de Faria, e Sousa, porá finalmente
termo ao que fica dito, pouco sem dúvida,
se se olhar á importancia da materia ; mas
he forçoso que se não perca de vista a brevidade
promettida. Eis-aqui as proprias palavras,
de que elle se serve, Comment. á
Lusiad. t. 1. col. 318. “Toda lengua que
se bastardea es mas escura que ninguna
que en su genero se hable con perfecion.
Sucede esto en lo que agora escriven algunos
llamados Poetas, que mezclando
su lengua con todas vienen, a hablar ninguna,
i consiguientemente a hazerla mas
escura sola, que todas juntas.”

Nota XXII.
Pag. 300.

As palavras carnagem, passagem, plano,
que se citão por exemplo, não se devem
ter hoje por barbaras, porque geralmente se
achão bem acceitas, e muito autorizadas
pelo uso. Taes porém se considérão attendendo
só á sua primeira admissão, e tanto
mais porque nesse tempo se poderião sem
temeridade julgar escusadas. Em lugar de
carnagem tinhamos matança, mortandade,
carniçaria
, (1)2 e antigamente carniça ;
350 (1)3 ; em lugar de passagem havia passo,
lugar, autoridade, texto
 ; e por plano
se dizia no proprio, projecto, parecer, arbitrio,
e metaforicamente, desenho, planta,
rascunho, traça, risco, debuxo, delineação
,
&c.

Carnagem significava antes provisão de
carnes
. Castanhed. Hist. da Ind. l. 1. c. 3.
Feita agoada, e carnagem, partio Vasquo da
Gama huma quarta feira pela menhã. Barr.
Decad. 1. l. 1. c. 11. E na ida, e vinda
té tornar á Ilha das Garças fazer carnagem,
per vezes que sahírão na terra firme,
tornárão cincoenta almas. Leão, Chron. de
D. Fernand. F. 221. E pelas leziras matárão
muito gado, com que fazião suas carnagens.

Passagem significava a acção, e effeito
de passar
, ou o lugar por onde se passa.
Neste significado se usa vulgarmente, e se
acha a cada passo nos Escritores. No sentido
moderno quem primeiro (se nisto não
ha engano) se servio da palavra passagem,
foi Duarte Ribeiro de Macedo. Tratando
elle, Obr. t. 2. p. 18. do nascimento, e
genealogia do Conde D. Henrique, depois
de allegar, e expender huma larga autoridade,
prosegue dizendo : “Esta passagem,
que nos mostra ser o Conde D. Henrique
351neto de Roberto, primeiro Duque de
Borgonha, &c.”

Plano, s. m. antigamente significava
planicie, igualdade de alguma cousa em que
não ha tropeço
. Sous. Hist. part. 1. l. 2. c.
1. São os montes bem considerados, sete,
todos divididos com profundos valles polas
fraldas, huns mais, outros menos, e cada
hum com sua differença, mas de maneira
juntos nas cabeças, que fazem sobre as coroas
hum plano igual, e commum a todos
sete. No mesmo sentido, e nelle sómente
se acha em Diogo Fernandes, Palmeir. part.
3. c. 88. f. 166. col. 4. e em muitos outros.

Chéfe, que primeiramente se admittio
como termo de Armaria, já na significação
hoje corrente se encontra em Fr. Luiz de
Sousa, Hist. part. 3. l. 4. c. 16. Reconhecião
os Paginaras por Chefe, e Capitão,
que elles chamão Sangagi, a hum descendente
do primeiro Pagin.

Fim.352

1(1) Ribeir. de Maced. Obr. t. 2. p. 234.

2(1) Vieir. Serm. t. 2. p. 175.

3(1) Sá de Mirand. Obr. eleg. f. 137. Fez
Moysés, fez Samuel justa carniça.